Durante meses fomos massacrados
com propagandas e inserções na programação das emissoras de televisão alertando
acerca do desligamento das transmissões por meio de sinal analógico e os
avanços que significaria a recepção exclusivamente por meio de sinal digital,
sendo vendida a versão que só teríamos a ganhar.
Agora, consumada a transição de
uma a outro sistema de transmissão, já podemos tirar as reais conclusões de que
foram os beneficiados com tal migração.
Primeiramente, para se adaptar a
novo sistema, tínhamos duas opções, comprar um conversor digital ou um novo
aparelho de televisão.
Para os cidadãos de baixa renda, foi
promovida uma ampla distribuição gratuita de conversores e todos os demais
equipamentos necessários à adaptação, dos quais a aquisição pelo Governo
Federal foi custeada com os tributos da população em geral e espera-se que,
pelo menos, por meio de um procedimento licitatório sem desvios.
Os demais cidadãos, não gozadores
de tal benesse, tiveram que desembolsar seus próprios recursos na aquisição de
tais equipamentos, beneficiando o setor de eletro-eletrônicos, da mesma forma
como aqueles que optaram por adquirir novos televisores.
Superada tal fase, quanto à
recepção do sinal digital, vê-se que, na maioria das localidades, a gama de
canais disponíveis ou acessíveis à recepção ficou muito reduzida, quando não
restrita a um único da rede de maior audiência, não se mostrando a transição
vantajosa à população.
Assim, muitos optaram por migrar
para os sistemas de TV por assinatura, o que representou gastos adicionais e um
ganho a favor deste setor, em detrimento, mais uma vez, de nossa população.
Aos que já eram assinantes,
temos, ainda, mais uma realidade, determinadas emissoras, baseadas na
legislação da TV Digital, passaram a reivindicar pagamento pela utilização de
seu sinal pelas distribuidoras de TV por assinatura.
Assim, parcela dos assinantes
ficou sem o sinal de vários canais que tinham anteriormente.
Outrossim, os que não tiveram tal
corte na programação, certamente serão no futuro afetados com o repasse dos
custos em suas faturas mensal.
Por fim, temos o enorme passivo
ambiental representado pela troca de equipamentos, com o descarte de elevada
quantidade de televisores e antenas de forma inadequada, para os quais o poder
público não se preparou da forma necessária para coletar e dar a destinação
recomendada, por meio da reciclagem de componentes.
Pelo que vemos, interesses econômicos
de alguns setores foram os grandes beneficiados com a migração digital, os
custos, diretos ou indiretos, foram passados à população e os benefícios
ficaram para as calendas.