quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Os defensores dos Direitos dos Manos.


Na semana em que a Lei Maria da Penha, uma norma criada para combater a violência doméstica contra a mulher, completa 12 anos de sua sanção, o Brasil assiste estarrecido em seus mais diversos meios de comunicação a notícia do crime de feminicídio cometido contra uma advogada por seu marido no Paraná.

A vítima com nível universitário, o que per si a colocava dentro de uma elite em nosso País, de menos de 10% de nosso povo com diploma universitário, não teve como se defender contra a violência que lhe foi perpetrada por seu companheiro, um professor universitário, de quem se esperava um comportamento de maior civilidade, dentro do senso comum que paira sobre nós de quem é o chamado “cidadão de bem”.

Também não recebeu apoio de seus vizinhos, apesar de vários declararem haver escutado e testemunhado as agressões, se escudando na máxima de que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.

Em São Paulo, foi encontrada o corpo da PM brutalmente assassinada após haver revelado sua profissão depois de ter seu aparelho celular subtraído, um crime igualmente desproporcional e bárbaro.

Ao Norte do Brasil, na fronteira de Roraima com a Venezuela, a Justiça determina o bloqueio de tal passagem, determinando a proibição da entrada em nosso território de pessoas perseguidas pelo regime totalitário que se instalou lá, o qual, inclusive, contava com o apoio de nosso governo há pouco tempo, o Mercosul deve funcionar para fins econômicos, mas se esquecem dos humanitários.

Para completar este cenário, um militar candidato a um cargo público profere publicamente frase claramente racista e discriminatória contra indígenas e negros.

O que vemos e nos agride, em maior ou menor escala, são atos que ferem, de forma diversa, variados bens da vida, ou melhor dizendo, Direitos Humanos, ou, também, na esfera constitucional brasileira, Direitos e Garantias Fundamentais, os quais integram o patrimônio individual de cada um de nós e, ao mesmo tempo, ao coletivo, de todos os cidadãos, seja de nosso País, seja dos maios diversos recantos desta Gaia.

Em face de tais feridas cabe duas atitudes, defender a integridade dos direitos agredidos e buscar a punição dos responsáveis, dentro das normas colocadas, e sem nos deixar seduzir pelo discurso fácil das “vendetas”, visto que há muito já superamos a fase da Lei de Talião onde se pagava “olho por olho e dente por dente”.

Mano também é uma gíria popular para designar carinhosamente a um irmão ou pessoa próxima, e todo ser humano merece ser reconhecido como um Irmão em seus Direitos Fundamentais.



Aceitar a agressão ao próximo hoje é abrir mão de nossos próprios direitos, que poderão estar sendo agredidos amanhã, ante a universalidade e natureza coletiva dos Direitos Humanos, cabendo assim a todos nós a conscientização sobre tal situação e a defesa intransigente de todos eles, para todos nós.

Sejamos defensores dos Direitos dos Manos!