Há vários anos faz parte dos anseios do brasileiro comum o “sonho da casa própria”, com a compra de uma moradia própria como forma de se desvencilhar das despesas com aluguéis.
Agora, em uma analogia muito parecida, os políticos brasileiros criaram o “sonho do Partido próprio”, um modo de se livrar de “aliados” indesejados nas legendas em que se encontram e burlar a regra da fidelidade partidária, imposta à força pela Justiça, ante a inércia de nossos legisladores na regulamentação do tema, por pura incompetência ou mera conveniência.
Certo é que todos se dizem democratas e abertos ao diálogo, mas não perdem a oportunidade de “adquirir” o Partido próprio, onde poderão mandar sozinhos sem o risco de serem submetidos às vontades de dirigentes com projetos, opiniões e interesses diversos dos seus.
Nesse contexto, atualmente, merece atenção o projeto da presidenciável Marina Silva na criação de seu partido, chamado Rede Sustentabilidade (REDE).
Um partido político que não leva a expressão “partido” no nome, quem sabe para, num ato de “propaganda enganosa”, se tornar mais palatável ao eleitor em geral, desgostoso com a política atual.
Ideologicamente, segundo Marina, o partido não será nem de direita, nem de esquerda, mais uma clara tentativa de descolar o projeto dos partidos atuais, os quais tem denominações ligadas a correntes ideológicas e movimentos sociais, por mais que muitas vezes tenham práticas dissociadas destas.
Todavia, por mais que queira ser diferente, a presidenciável tem que submeter seus projetos aos trâmites e exigências da legislação partidária vigente, percorrendo todo o caminho exigido pela norma, com a fundação, registro de estatutos e manifesto, coleta de assinaturas de apoiamento e reconhecimento destas pela Justiça Eleitoral, para obtenção de registros em pelo menos nove Estados, e, então, buscar o almejado registro junto ao TSE.
A criação do novo partido, que parecia fácil em face dos milhões de votos obtidos na última eleição presidencial, os quais poderiam ser transformados, com algum esforço, em apoiamentos, vem se mostrando algo mais complicado.
Temos, ainda, a articulação no Congresso Nacional, com a apesentação de vários projetos de lei que visam dificultar ainda mais a criação de novos partidos, com claro objetivo de atingir aos planos de Marina.
Assim, a REDE, que poderia se transformar na salvação dos anseios de Marina Silva em sua caminhada rumo ao Planalto, pode virar uma TEIA que a prenda, transformando-a em fácil presa.
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