Hit do cantor Erasmo Carlos de 1981, a música “Pega na mentira”´,
de forma descontraída e bem humorada, citava uma série de fatos
sabidamente inverídicos e utilizava de seu refrão para falar que
temos que combater a divulgação de mentiras, personificando-a como
um animal a ser pego e maltratado.
Os tempos passaram e a nossa conhecida mentira cresceu e se
transformou num monstro pior, agora denominado pela expressão em
língua inglesa “fake news”.
O fenômeno chamou tanto a atenção que, em 2017, a expressão "Fake
news", "notícias falsas", devido à sua
repercussão e crescente utilização, foi nomeada a "palavra do
ano" pelo dicionário em inglês da editora britânica Collins.
Fake News virou verbete no dicionário britânico da Harper Collins,
uma das 5 maiores editoras do mundo em língua inglesa.
Na Era Digital, todos nós passamos de simples consumidores de
notícias produzidas pelos tradicionais órgãos da imprensa, seja
ela rádio televisiva ou escrita, e nos tornamos disseminadores de
notícias produzidas pelas mais diversas fontes, no mais das vezes
sem qualquer verificação de seu conteúdo, inclusive formulando
análises e comentários valorando-os, sempre como se fossem verdade
absoluta.
O tradicional ditado popular “a mentira tem perna curta”
deixou de fazer sentido, visto que este mal ganhou longas pernas e
velocidade incontrolável, surfando nas ondas da internet,
principalmente, por meio de nossos perfis nas redes sociais.
A prática disseminatória de mentiras ganhou maior relevância após
as eleições presidenciais americanas e no referendo do Brexit, em
2016, no escândalo da Cambridge Analytica, no qual se
descobriu que esta empresa utilizou-se de dados de usuários em redes
sociais para proliferar notícias falsas, direcionadas de forma
cirúrgica, de acordo com tendências ideológicas, como forma de
influenciar ao eleitorado e afetar decisivamente o resultado daqueles
pleitos.
Ocorre que, à partir do momento em que compartilhamos notícias e
formulamos comentários sobre o conteúdo passamos a ser
corresponsáveis pelas “fake news”.
Tal fato é tão relevante e nocivo, que no Brasil o Código
Eleitoral prevê que é crime “Divulgar, na propaganda, fatos
que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e
capazes de exercerem influência perante o eleitorado” (art.
323 da Lei 4.737/1965).
Para os cidadãos em geral, há a possibilidade de enquadramento em
crimes contra a honra, na lei comum (Código Penal), ou o crime de
“contratação
direta ou indireta de grupo de pessoas com a finalidade específica
de emitir mensagens ou comentários na internet para ofender a honra
ou denegrir a imagem de candidato, partido ou coligação”
na esfera eleitoral (§1º do art. 57-H da Lei nº 9.504/1997).
Precisamos estar cientes dos danos
que uma notícia falsa pode causar, de forma indelével e continuada,
à reputação de qualquer pessoa, dentro ou fora das eleições, e
cuidar do conteúdo do que divulgamos, bem como dos comentários que
emitimos.
O conteúdo publicado na web é
replicada de forma descontrolada e as fake news se propagam de forma
exponencial, não permitindo sua total remoção depois de lançadas,
perpetrando seus efeitos contra os atingidos e levando inadvertidos a
erro quanto a seu conteúdo.
Assim, temos que agir com mais
segurança e responsabilidade, para tanto, primeiramente é bom
verificar a fonte da notícia, constatando se é originada de órgão
confiável, após, fazer uma pesquisa sobre o conteúdo,
principalmente quando causar choque a nosso senso comum.
Para
colaborar com este processo, hoje
em dia, as redes sociais vem criando diversos meios de controle e
verificação de conteúdos, inclusive utilizando-se dos serviços
das
Agências de Checagem de Fatos, das quais destacamos no Brasil a
Agência Lupa (https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/),
Aos Fatos (https://aosfatos.org/),
Boatos.org (http://www.boatos.org/)
e e-Farsas (http://www.e-farsas.com/),
podendo tal instrumento ser utilizado por nós no dia a dia.
Lembre-se que
seu clique pode ser um gatilho contra a honra de uma pessoa, e você
pode ser usado como arma neste sistema, haja com inteligência e
controle os impulsos ao postar na internet.
Excelente artigo, como usual na autoria do amigo Dr Luiz David, concitando a reflexão e cuidado que todo usuário das redes sociais deve ter antes de compartilhar um fato ou notícia na internet. Parabéns!
ResponderExcluirBoa noite Dr. Luiz, é verdade, eu e neis filhospor exemplo, usamos o site é boato. Muito bom que tenha alguém como você que tenta esclarecer as pessoas. Parabéns.
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