Atualmente, a atenção de muitos, quanto à eleição presidencial, está voltada para encontrar uma candidatura na denominada “terceira via” que possa obter crescimento capaz de mudar o cenário de polarização entre Lula e Jair Bolsonaro, o que vem sendo diagnosticado, desde o final do ano passado, pelas pesquisas de opinião pública.
Enquanto isso, Lula já definiu o ex-governador Geraldo Alckmin como seu companheiro de chapa e Jairo Bolsonaro diz que é quase certo que seja acompanhado pelo General Braga Netto.
Assim, não só o cabeça de chapa, mas também, a escolha do vice ganha importância na questão da formação de uma chapa que busque aglutinar as forças mais ao centro do espectro político.
Apesar da Vice-Presidência no Brasil não ter a magnitude que lhe foi dada nos EUA, onde, inclusive, lhe cabe o comando do Senado, a história nos mostra que a questão da substituição dos titulares do executivo brasileiro causaram mudanças sensíveis, nem sempre sem traumas.
Ainda no império, a abdicação de Pedro I, quando seu filho era ainda uma criança, levou a um período regencial com várias revoltas. A República, nascida de um golpe militar, teve seu primeiro presidente substituído, após crise política, pelo vice Floriano Peixoto.
Afonso Pena acometido por uma pneumonia e falecido no Catete, Rodrigues Alves vitimado pela gripe espanhola antes da posse, o suicídio de Getúlio Vargas, a renúncia de Jânio Quadros, a enfermidade de Costa e Silva, a morte de Tancredo Neves e, mais recentemente, os impedimentos de Collor e Dilma, são episódios que mostram situações de crise geradas pela posse, ou não, dos respectivos vices, mostrando a importância da posição dentro do xadrez político-institucional brasileiro.
O autodenominado centro democrático, inicialmente formado por União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania, tem encontrado dificuldades para manter o diálogo entre seus representantes, muito pelo anseio da manutenção das candidaturas próprias já lançadas de Luciano Bivar, Simone Tebet e João Dória, sendo que Eduardo Leite ainda corre por fora dentro do ninho tucano, em busca de espaço em uma eventual chapa do grupo, e o ex-Juiz Sérgio Moro ainda não descartou sua candidatura.
Mesmo que haja um consenso sobre eventual titular na chapa a ser formada, o candidato a vice pode vir de fora da lista de pré-candidatos a presidente, numa tentativa de formação de um “dream team” da terceira via, buscando impactar o eleitorado e viabilizar uma mudança de cenário.
Para isto, o nome escolhido, num primeiro momento, deve ter um grau de conhecimento suficiente junto ao eleitorado, baixo índice de rejeição e não ter problemas com a justiça, para que não tenha que, já de início, ter que justificar sua vida pregressa.
E, como numa dupla de bailado, é necessário que haja sintonia do escolhido para a missão de completar a chapa com titular. Superadas tais questões, se o perfil escolhido for diferente do titular, possibilitará agregar um eleitorado diferente do que aquele atinge, seja regionalmente, ideologicamente ou por questões de raça, gênero ou religiosa.
O mais difícil, entretanto, visto que o processo decisório do voto não é somente racional, será encontrar um nome que possa ajudar a despertar novos sentimentos junto aos votantes, diferentes dos hoje colocados pelas candidaturas líderes, e que possibilite a subtração de intenção de votos destes, na busca de um espaço que leve a terceira via ao segundo turno.
As variáveis são muitas e a aproximação do mês de julho, onde se inicia o período legal das convenções partidárias, tende a acelerar o processo de concretização das negociações, caberá aos dirigentes partidários a busca da conjugação de seus interesses com os do eleitorado, em busca da formação do “dream team” da terceira via.
Pelo que vejo, não haverá tempo ágil para essa terceira via. O tempo pouco para construção desse novo candidato a terceira via....
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