A última pesquisa BTG/FSB de
intenção de voto para presidente da república mostrou um cenário estável de
polarização entre o ex-presidente Lula, com 43%, e o presidente Bolsonaro, com
33%, deixando pouco espaço para o crescimento dos demais postulantes.
A polarização, em números estáveis
na série histórica, também pode ser percebida pela comparação de rejeições —
Bolsonaro partiu de 59% de rejeição e atualmente tem 57%, enquanto o Lula
partiu de 41% e atualmente tem 44%. Os fenômenos do antipetismo e do
antibolsonarismo podem ser observados a partir do debate do antipartidarismo.
A ideia é que uma parte da
população, sem preferência partidária, se manifesta contra um partido
específico. No caso brasileiro, o único partido de massas organizado é o PT,
com ampla base sindical e em movimentos sociais, como o MST, o que pode ter
concentrado o sentimento antipartidário.
Este movimento pode ter sido
reforçado por dois momentos, um de curto e outro de longo prazo. O de curto
prazo está associado às crises econômicas e políticas a partir de 2013. O
aumento do desemprego e os escândalos de corrupção impactaram fortemente a
avaliação do governo, gerando um sentimento de aversão ao governo da ocasião.
Este fato pode ser observado pela trajetória histórica dos índices de rejeição.
A rejeição ao candidato do PT em 2002 era de 33% e se manteve próxima em 2006,
marcando 32%. Os bons resultados econômicos e sociais do governo levaram a uma
queda expressiva da rejeição, para cerca de 23% em 2010. Com o início da crise
em 2014, este patamar subiu para 30% e, após a crise econômica e os escândalos
de corrupção, este patamar alcançou 40%, nível da rejeição do candidato do PT
em 2014. Atualmente, a rejeição está em 44%.
A escalada da rejeição pode ter sido
reforçada por uma questão de longo prazo e global. A frustração com as
respostas do Estado aos desafios de um mundo mais globalizado e competitivo
gerou uma rejeição à democracia em vários países. Pode ser o caso também no
Brasil, com parte do eleitorado apoiando discursos antidemocráticos.
Esta avaliação permite duas
conclusões: a primeira é que o antipartidarismo, no caso brasileiro, tende a
estar associado sempre ao PT e a segunda é que a intensidade deste
comportamento oscila ao longo do tempo, conforme os ciclos econômicos e
políticos. O retrato atual mostra que há
ainda uma memória da crise, contribuindo para a polarização do cenário
político.
* texto construído coletivamente, como atividade final da disciplina Análise Política e Opinião Pública da pós graduação em Ciência Política da FESP-SP. Autoria de Claudia Alves, Isllane Alcântara, Lucas Colacino, Luiz David Costa Faria, Renan Ometto Lazzarini e Roberto Padovani.
Interessante a perspectiva é análise desse momento em que nos encontramos. Grata
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