terça-feira, 8 de novembro de 2011

POLÍTICA E PODER – 08/11/2011 (3ª feira)

Denúncia de irregularidade envolvendo Lupi reforça crise na Esplanada

Suspeito de participar de esquema de cobrança de propina, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pode aumentar a lista de demitidos por má utilização de recursos públicos. Em dez meses de governo, a presidente Dilma viu seis auxiliares diretores caírem. Cinco foram por envolvimento em irregularidades. A crise política reforça um alerta da oposição durante a campanha do ano passado: a inexperiência da petista, o que agrava ainda mais a instabilidade da gestão atual. Além dos desmandos, a prometida faxina do Planalto nunca saiu do papel, enquanto a corrupção se espalha rapidamente. Veja a cronologia dos exonerados:

Patrimônio multiplicado – Em maio, Antonio Palocci (Casa Civil) iniciou a série de demissões. Foi divulgado que o patrimônio do petista teria sido multiplicado por 20 entre 2006 e 2010. A Projeto, empresa aberta em 2006 – quando o ministro afirmou ter patrimônio de R$ 356 mil –, comprou em 2009 e 2010 imóveis em região nobre de São Paulo no valor de R$ 7,5 milhões. O faturamento da companhia passou para R$ 20 milhões em 2010, quando ele era deputado federal e atuou como principal coordenador da campanha de Dilma.

Cobrança de propina – Envolvido em recebimento de propina, o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, deixou o cargo após a revista “Veja” revelar que a taxa cobrada de empreiteiras era repassada ao PR. A crise se intensificou com a acusação de que seu filho, Gustavo Morais Pereira, teria aumentado o patrimônio de forma ilícita. A empresa de Gustavo foi beneficiada por negócios firmados com a pasta.

Divergências com o Planalto – Nelson Jobim (Defesa) foi o único que caiu por discordar politicamente do Planalto. Ele fez críticas às ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Em entrevista à revista “Piauí”, Jobim afirmou que Ideli era fraca e Gleisi não conhecia Brasília.

Tráfico de influência – As denúncias de corrupção não cessaram. Em novo escândalo, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, tornou-se o quarto a deixar a Esplanada. Ele teria feito viagens particulares em jatinho de US$ 7 milhões pertencente à Ourofino Agronegócios, que tem como sócio um assessor especial do ministério. A empresa, de Ribeirão Preto, foi responsável pela campanha de vacinação contra a febre aftosa promovida pela pasta em 2010.

Prisões e demissão – A Operação Voucher, da Polícia Federal, prendeu 36 pessoas acusadas de participarem de esquema de corrupção no Turismo. As suspeitas levantadas recaem sobre um convênio assinado pelo órgão e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura sustentável (Ibrasi). O Tribunal de Contas da União (TCU) constatou irregularidades no convênio que previa o repasse de R$ 4,4 milhões para qualificar 1.900 profissionais de turismo no Amapá. Dessa vez, foi Pedro Novais (Turismo) quem saiu pela porta dos fundos.

Convênios com ONGs – Em outubro, Orlando Silva (Esporte) pediu demissão após ser alvejado por uma série de denúncias de corrupção. Ele é suspeito de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, que repassa verba a ONGs para incentivar jovens a praticarem esporte. A acusação foi feita pelo policial militar João Dias Ferreira à “Veja”. Calcula-se prejuízo de R$ 40 milhões nos últimos oito anos aos cofres da União.

Corda bamba – Se não bastasse a queda dos seis ministros, mais um está na corda bamba. É o caso do Carlos Lupi (Trabalho), apontado deste o fim de semana como suspeito de envolvimento em esquema de desvio de recursos públicos. O PSDB defende a demissão do ministro.

(Reportagem: Letícia Bogéa / Foto: José Cruz / Agência Brasil)

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